Um dia, há uns largos meses, enquanto almoçávamos, o meu irmão perguntou-me:
— "Vais mesmo gastar o dinheiro que vais ter que gastar para voltar a um lugar onde já estiveste?"
A pergunta apanhou-me desprevenida, mas não foi preciso pensar muito para lhe responder, a resposta saiu naturalmente. Respondi:
— "Vou. É para onde quero ir, para onde o meu coração me manda. E eu vou seguir o meu coração."
Há muita gente que critica, mas felizmente, também há muita gente que entende. As pessoas olham para mim como uma viajante experiente, o que não é assim tão verdadeiro. Não viajei assim tanto, não conheci assim tantos países. Eu limito-me a seguir o meu coração. Neste caso em particular, para mim faz muito mais sentido voltar ao local onde me senti mais em casa do que nunca, ver estas pessoas que invadiram o meu coração e de quem tenho tantas saudades, do que conhecer um novo país. É o que o meu coração quer, muito!
Se abdicasse de voltar à Califórnia para viajar para outro país, sei que ficaria a pensar que tinha feito a escolha errada, que devia ter seguido o meu coração, mas em vez disso resolvi fazer o que é "lógico" aos olhos das outras pessoas. Iria ressentir-me comigo mesma. E agora pergunto, qual é a lógica disso?
Não vou seguir a lógica dos outros para gerir a minha vida. Não vou. Vou seguir a minha lógica, e a minha lógica diz-me para seguir o meu coração. Se o meu coração me disser para ir à Califórnia outra vez para o ano e eu tiver as condições para ir, irei! Se sentir um chamamento de outro lugar qualquer, e tiver as condições para ir, irei. Se o meu coração me disser para simplesmente ficar onde estou, ficarei. Vou lutar e trabalhar para ter sempre as condições para viajar, para ir aonde o meu coração me levar.
Boa noite a todos! Uma excelente semana. Tudo de bom para todos vós. Não se esqueçam de pensar positivo, sorrir, e agradecer.
Esta publicação é para todos vós, mas em especial parte às maravilhosas mulheres que me lêem. 😊
Entre familiares, amigas, seguidoras da página, ou pura e simplesmente pessoas que se cruzam na minha vida por acaso e por breves instantes, já perdi a conta às mulheres que comentam a minha pressuposta coragem e força, por viajar sozinha. Muitas até me dizem que gostavam de o fazer, mas que não o fazem por falta de coragem. Não vou mentir, é preciso coragem sim. Mas não quero que pensem que viajar a solo é assim tão incomum.
Então, resolvi fazer uma pequena estimativa. Uma estatística baseada nos meus hóspedes para vos mostrar, a todos, mas em particular às mulheres.
Comecei a fazer registos de todas as entradas no meu Hostel a partir do dia 1 de Agosto de 2017. E os números que quero partilhar convosco são os seguintes:
Desde o dia 1 de Agosto de 2017 até dia 1 de Julho de 2017, o hostel teve um total de 527 hóspedes divididos em 308 check-ins (entradas). Destes 527 hóspedes, 126 foram viajantes a solo. Das 308 entradas, quase metade foram estes aventureiros! Aventureiros a viajarem sozinhos. E agora a parte mais impressionante, destes 126 viajantes a solo, 65 foram mulheres. Mais de metade! 65 mulheres! 65 corajosas e aventureiras passaram por este hostel nesta pequena aldeia em menos de um ano. Elas andam por aí. Eu sou uma delas, com tanto, mas tanto orgulho!!! 😊💛💛
Não é incomum. Não viajamos sozinhas porque não temos companhia para viajar ou porque ninguém gosta de nós. Viajamos sozinhas porque queremos. Porque para nós é a melhor maneira de viajar. A nossa maneira favorita de desfrutar uma viagem e de uma aventura.
Não somos umas "coitadinhas" tristes e anti-sociais. Somos umas guerreiras e aventureiras independentes, que nos temos a nós próprias como companhia favorita! 😊
E pelo menos no meu caso particular, quando estou a viajar, a partir do momento em que entro num sítio público, torna-se muito difícil estar sozinha, difícil até demais, quase impossível. 🤣
Vou mostrar-vos um pouco e só mesmo um bocadinho da minha experiência.
A foto acima foi tirada em Março de 2017, em Ao Nang, Krabi, Tailândia. As duas meninas da esquerda estavam a viajar juntas, mas as 3 da direita (eu inclusive), ah essas... Essas corajosas aventureiras que nada as faz parar... As 3 da direita, estavam todas a viajar sozinhas, a Ariana de Itália, a Erika do Brasil, e aqui a "je", Lúcia de Portugal. Quando nós viajantes a solo nos encontramos por acaso, é mágico. :) Este hostel onde todas estávamos hospedadas tinha um bar/discoteca para onde íamos à noite. Era tão giro e inexplicável como, sem se combinar absolutamente nada, a primeira a chegar, instintivamente sentava-se e sem sequer se aperceber, esperava pelas outras (e outros), e as outras (e outros), quando chegavam, sem combinar, sabiam que aquela era a sua mesa. Sem me ter apercebido bem como aconteceu, éramos um grupo! Acabei por ficar um dia a mais em Ao Nang por elas e por causa delas. Por elas porque gostava de estar com elas, por causa delas porque tanto elas me "chatearam" para eu ficar mais um dia que me convenceram. 😊
Recentemente, em resposta a uma das minhas publicações, numa espécie de "provocação" bem disposta, pediram-me um texto de ou sobre união e respeito ao próximo. OK. Acredito na união, é algo até que procuro aqui na página "Sinceridade e Bom Senso". Criei esta página com a intenção e procura de um pequeno "cantinho" de união de pessoas que entendam a minha maneira de pensar e que pelo menos a respeitem. Pessoas que me respeitem, que se respeitem umas às outras, e que terão com certeza o meu respeito também.
Agora a minha opinião sobre união?
Nós, seres humanos, humanidade, vamos estar sempre divididos, em grupos, equipas, religiões, etc. Somos diferentes uns dos outros, uns pouco, outros muito. E por mais que eu promova e defenda o respeito ao próximo, há coisas, ações e pensamentos que para mim são abomináveis e que não merecem o meu respeito. Caiam-me em cima se quiserem. Sei que também não tenho o respeito de tudo e todos e tenho que aprender a viver com isso. E mais do que viver com isso, ser feliz apesar disso! Vai sempre haver gente que está comigo e gente que está contra mim. Afirmar isto não é lançar a discórdia, não é abraçar a discórdia, é aceitar os factos. Estamos divididos em demasiadas e diferentes opiniões. União? Sim acredito na união. União total de todos nós, humanidade? Não, não acredito. Se têm lido as minhas publicações talvez se lembrem de que eu escrevo que acredito num mundo melhor, nunca disse ou escrevi que acredito num mundo perfeito. Nem eu, que tanto falo de magia e contos de fadas acredito que um dia a humanidade inteira vai estar em sintonia e unida toda do mesmo "lado". Acreditar num mundo melhor mesmo divido é o melhor que eu posso fazer. Acreditar que um dia as pessoas vão aceitar e respeitar as diferenças que as separam.
Às vezes sofro certas provocações em comentários às minhas publicações. Sabem o que é que eu faço quando me deparo com uma publicação qualquer num artigo qualquer com a qual eu não concordo? Abstenho-me, não comento. Respeito e sigo em frente. Não procuro a discussão, não provoco a discórdia. Leio, discordo silenciosamente e sigo em frente. É tão mais fácil e proveitoso para mim e para todos. Porquê provocar a guerra quando respeitar silenciosamente a opinião do próximo é o suficiente para manter a paz. Ainda estou a treinar isto com as pessoas que me são mais próximas e com quem tenho mais confiança. Mas com quem não conheço? Provocar quem não conheço?? Nem pensar!!!
Liberdade de expressão. É uma coisa maravilhosa. Respeito a de todos. E tenho muito orgulho de ter a minha. E usar e abusar da mesma.
E para acabar digo apenas que acredito que de facto "a união faz a força".