"Eu? Viajar sozinha? Não consigo!" Só que afinal consigo!
Em 2017, enchi-me de coragem e fiz algo que nunca pensei que algum dia fosse fazer: Viajei sozinha. E não foi assim uma "viagenzita". Eu, que nunca tinha saído da Europa e nunca tinha viajado durante mais de uma semana, decidi ir sozinha durante duas semanas para a Tailândia! Ainda me arrepio sempre que me lembro do momento em que tomei a decisão, ou do momento em que comprei o vôo, ou do momento em que pus a vista em cima do hostel onde ia ficar os primeiros dias, após me ter aventurado nos transportes públicos depois de quase 24 horas de voos e escalas... Foram muitos os momentos que nunca esquecerei, e para as pessoas que estão agora a começar a conhecer-me através deste blogue, deixo-vos aqui mais um pouco de mim. Abaixo estão as palavras que escrevi após ter regressado desta experiência maravilhosa. Estava com o coração tão cheio! Espero que gostem! :) (Entretanto já voltei a viajar sozinha, fui 3 semanas para a Califórnia, mas essa aventura ficará para um futuro post) ;)
Bora lá então tentar pôr em palavras a minha experiência e a minha opinião sobre viajar sozinha. Agora que o fiz, sei que para mim, é a melhor maneira de viajar. Quando anunciei aos meus amigos e família que ia fazer esta viagem, alguns amigos meus disseram-me que se pudessem, viriam comigo. Na altura não pensei muito nisso, mas agora, sei que se tivesse ido acompanhada, por quem quer que fosse, não me teria divertido nem metade, aprendido nem metade, experienciado nem metade, vivido nem metade. Fui livre, no verdadeiro sentido da palavra. Fiz o que quis, fui a onde quis, tudo quando quis. Passei horas e horas sem saber sequer que horas eram. E sem me preocupar. E acho que por estar sozinha, estava mais atenta e recetiva a tudo o que me rodeava. Era uma "esponja". Atenção, a primeira manhã em Bangkok, foi assustadora. Lembro-me que desci para o átrio do Hostel às 8h para não perder o pequeno-almoço grátis (não me voltei a preocupar com isso), o átrio estava vazio. Comi e saí. E foi assustador, estavam 38°, o cheio da rua era horrível, uma mistura de centenas de pessoas a cozinharem todo o tipo de coisas na rua, esgoto, urina, suor... Estava no meio do caos, com este cheiro horrível e uma temperatura de 38°. Senti-me mal disposta, assustada, e perdida. Sentei-me num degrau (nessa noite viria a descobrir que me tinha sentado na famosa da rua Khao San Road), e pensei: "Oh meu Deus, o que fiz eu? E faltam duas semanas para ir embora!" ... Sim, esta foi a minha primeira manhã em Bangkok. Caminhei mais um pouco e voltei para o Hostel para tomar um duche de água fria. Resolvi ficar um pouco no Hostel a desfrutar do ar condicionado, e conheci o Salim de Marrocos e o Christian da Estónia, ambos estavam a viajar sozinhos. Conversámos e resolvemos ir todos para Khao San Road à noite (noite brutal BTW) E pronto, nunca mais estive sozinha, "atrás" do Salim e do Christian vieram mais e mais pessoas... (a Jasmine dos EUA que era a coisa mais adorável, entre outras) Todas a viajarem sozinhas, homens e mulheres! Todos a viverem o mesmo que eu. Todos me confessaram que também estavam muito assustados no primeiro dia, não estava sozinha. A grande diferença entre estar com estas pessoas ou com alguém que poderia vir comigo na viagem, é que com eles, nunca houve um compromisso, se eu quisesse companhia, havia sempre alguém com quem falar, almoçar, jantar, sair à noite. Mas se eu quisesse estar sozinha, levantar-me tarde, deitar-me cedo, dormir uma sesta, ler um pouco, ir dar uma volta... Era só querer, estava a viajar sozinha, portanto se queria o meu espaço, tinha-o e pronto. Se queria companhia, também era só querer. O que pode ser mais perfeito do que isto? Conheci gente de todo o mundo, costumes, tradições, de todo o mundo. Tive conversas superficiais e outras profundas. Ri muito! E chorei também. Foi maravilhoso. Quando deixei Bangkok para ir para outro sítio, já não tinha medo. De qualquer maneira, ia para a praia, e aí estar sozinha não é mesmo de todo um problema. Mas fui para um Hostel onde ofereciam jantar e logo aí conheci o Reinaldo do Brasil e o David de Espanha, mais uma vez, ambos a viajarem sozinhos. E mais uma vez "atrás" deles vieram tantas outras pessoas. Gostei tanto, que cancelei uma noite que tinha marcada nas ilhas Phi Phi e fiquei mais uma noite ali. (viria a encontrar o Reinaldo do Brasil mais tarde e por acaso nas ilhas Phi Phi) Entretanto o Jamie da Irlanda, que tinha conhecido em Bangkok (andava a viajar sozinho há 7 meses, completamente à deriva) juntou-se a nós em Ao Nang, conheci a Ariana de Itália, a Erika do Brasil (também ambas a viajar sozinhas), e muitas muitas mais pessoas! No final o staff do Hostel já vinha sair connosco à noite! Haha! Quando deixei Ao Nang, tomei a decisão de que nas Phi Phi, queria estar sozinha, ou seja, estar comigo, refletir, e absorver um pouco da Tailândia de maneira diferente. E assim o fiz. Porque isto é o que acontece quando se viaja sozinha/o. Todas as decisões somos nós e apenas nós que as tomamos, sem discussões, sem segundas opiniões, fazemos o que queremos e ponto final. Foi perfeito. Sei que se não tivesse feito isto sozinha, não seria perfeito. Quero mais e mais! É só o que sei! Acabou o medo. E pronto, a quem isto interessa, aqui tem o meu pequeno resumo da minha viagem e a minha opinião final do que foi viajar sozinha. Vou repetir, não tenho qualquer dúvida.
FOTO: Feliz em Maya Bay, Koh Phi Phi. (na Praia onde foi filmado o filme "A Praia" com Leonardo DiCaprio) MAR2017